03/10/2014 - Independência dos óculos pode ser em qualquer idade?
A possibilidade de dar adeus ao uso de óculos já é uma realidade. Porém, será que a cirurgia ou o uso de lentes de contato é recomendado para todas as idades? Descubra abaixo com o Dr. Richard Yudi Hida
Infância/Adolescência
Os cuidados com a saúde ocular desde a infância são essenciais para garantir uma visão saudável pelo resto da vida. Nessa fase, a correção ótica é realizada, na maioria das vezes, com o uso de óculos. Entretanto, há casos em que seu uso se torna inviável. “Quando a criança sofre de anisometropia (diferença exagerada e patológica da refração entre os olhos), ou seja, quando tem cinco graus de miopia em um olho e zero em outro, o cérebro não consegue juntar as imagens devido a projeção de imagens de diferentes tamanhos. O máximo que o ser humano geralmente suporta de diferença entre um olho e outro é 4 graus para míopes e 3 graus para hipermétropes. Nesse caso, recomenda-se o uso das lentes de contato ou tampão para evitar que desenvolva outra doença”, afirma. A cirurgia refrativa na infância é raramente indicada e é muito controversa.
Na adolescência, os jovens costumam apresentar sinais de cansaço visual e dor de cabeça. Nessa fase é comum o aparecimento de Astigmatismo, Miopia e Hipermetropia. “Entre os 11 e 14 anos, os óculos são os mais indicados e as lentes de contato devem ser evitadas. Na maioria dos casos, os adolescentes se adaptam rapidamente. A cirurgia refrativa não deve ser indicada nesta faixa etária”, ressalta.
Fase Adulta
Para quem tem miopia, hipermetropia ou astigmatismo, a primeira solução são os óculos ou a cirurgia refrativa. Esta cirurgia não dispensa totalmente os óculos, mas é possível criar uma independência relativa após realiza-la. “Não existe um limite de grau para fazer a cirurgia. De uma forma geral, é possível corrigir graus altos de miopia e astigmatismo contanto que, a estrutura da córnea do paciente permita, porém, é difícil corrigir hipermetropias acima de 3 graus devido a sua imprevisibilidade”, diz Richard.
Existem basicamente dois tipos de cirurgia refrativa a laser: a PRK (Photorefractive Keratectomy) e o procedimento denominado LASIK (Laser Assisted in situ keratomileusis). “Esta técnica realiza um corte na córnea com um laser chamado femtosegundo, o mesmo laser utilizado na cirurgia de catarata, para criar uma interface. O excimer laser é utilizado em seguida, nessa interface, para moldar ou esculpir a córnea. Já o PRK consiste na utilização do laser na superfície da córnea após raspagem das células mais superficiais do olho, chamado de epitélio”, explica. Para realizar o procedimento, o paciente deve ter no mínimo 21 anos e correção estável nos anos anteriores. É importante ressaltar que o valor absoluto do grau nunca estabiliza. O que estabiliza é a velocidade do aumento do grau, ou seja, com o envelhecimento, o grau aumenta mais lentamente.
Richard Yudi Hida
Chefe do Setor de Catarata do Departamento de Oftalmologia da Santa Casa de São Paulo;
Diretor técnico do Banco de Tecidos Oculares da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo;
Membro da equipe de Transplante de Córnea da Santa Casa de São Paulo;
Médico voluntário, colaborador e membro do Grupo de Estudo em Superfície Ocular do Departamento de Oftalmologia da Universidade de São Paulo (USP), responsável por orientar inúmeras pesquisas internacionais sobre tratamento e diagnóstico de doenças da superfície ocular.
Fonte: http://www.drvisao.com.br/